Sofia Pais: a voz criativa da juventude

Sofia Pais pondera seguir para mestrado na área de Direitos Humanos ou de Gestão. Uma coisa é certa: não quer ser advogada (Foto: Maria João Gala/Global Imagens)

Acredita no pulsar europeu comum e que a sua geração tem um papel nesse caminho. “O conceito de projeto europeu faz todo o sentido, mais do que pensarmos de forma isolada, temos de perceber que somos cidadãos da Europa e do Mundo.” “É inegável que a juventude se está a mover por uma causa”, acrescenta, referindo-se às questões climáticas. Sofia Pais, 21 anos, de Santa Maria da Feira, é embaixadora de carreiras da União Europeia para Portugal, com mais quatro jovens portuguesas. A única do Norte selecionada pela capacidade de comunicação e pelas experiências como porta-voz da sua geração.

Em setembro, esteve em Bruxelas com os 170 embaixadores de toda a Europa e não tem parado. Responde a e-mails, participa em sessões de esclarecimento e feiras de emprego pelo país, gere redes sociais. “A nossa missão é chegar ao maior número de estudantes que se queira candidatar a oportunidades de estágio e de emprego na União Europeia”, especifica. O desconhecimento é grande e, por isso, não tem mãos a medir para esclarecer dúvidas, explicar procedimentos e o que fazer para encontrar oportunidades de carreira nas instituições europeias espalhadas pelo Mundo. Combater a abstenção é também um objetivo como embaixadora.

Aos 16 anos, era a mais jovem autarca do país, eleita num projeto municipal que dá oportunidade a alunos do concelho da Feira de perceberem por dentro o poder autárquico, de apresentarem ideias e concretizá-las. No seu mandato, geriu um orçamento de dez mil euros e uma equipa de quase 20 jovens, criou bolsas de mérito para os melhores alunos do Secundário, investiu em workshops de orientação vocacional. “O projeto ‘Jovem Autarca’ foi muito importante e foi o impulso para tudo o resto. Uma experiência que me abriu horizontes e me deu outra perspetiva do que pode ser a participação cívica.”

Em maio de 2015, estava como representante portuguesa, selecionada pela Unicef, na Cimeira da Juventude J7, em Berlim. Encontrou-se com jovens de vários países e apertou a mão a Angela Merkel. Em outubro deste ano, esteve dez dias na Índia em contacto com associações juvenis num projeto do Instituto Português do Desporto e Juventude.

Está no último ano do curso de Direito, é vice-presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, com a pasta das políticas educativas e relações externas, tem moderado conversas num projeto da faculdade que convida gente de várias áreas a partilhar experiências (Catarina Martins e Assunção Cristas já lá estiveram). “A faculdade também serve para desconstruir ideias, para nos tornarmos pessoas mais críticas, capazes de debater, de sair da zona de conforto”, diz.

Sofia Pais pondera seguir para mestrado na área de Direitos Humanos ou de Gestão, ainda não decidiu. Seja como for, tem uma certeza. “Não quero ser advogada, não quero estar sentada todo o dia a interpretar leis. Gosto de coisas mais criativas, mais dinâmicas, estratégias.” Agrada-lhe pensar e gerir projetos na área da juventude. Em Portugal ou lá fora? “Não é objetivo ir para fora, não é objetivo ficar. É o que for, onde surgirem melhores oportunidades.”