Eduardo Rodrigues, o cientista fascinado pela Física de Partículas

Eduardo Rodrigues é cientista e investigador, em Genebra

Investiga as diferenças de comportamento entre matéria e antimatéria no maior acelerador de partículas do Mundo, no CERN.

Foi o “infinitamente pequeno” que seduziu Eduardo Rodrigues, um físico português a trabalhar no CERN, o laboratório europeu de Física de Partículas, em Genebra, Suíça, onde se encontra o maior acelerador de partículas do Mundo. O seu esforço no tratamento e análise de dados já foi distinguido com uma bolsa, um motivo de orgulho que não o faz perder o foco.

O cientista trabalha para a Universidade de Liverpool, no Reino Unido, onde vai pontualmente dar aulas específicas, mas há anos que está ligado “100% à investigação”, colaborando na experiência LHCb (Large Hadron Collider beauty), no CERN. Num túnel de 27 quilómetros, onde ocorrem colisões de alta intensidade e energia entre partículas subatómicas, o português e uma equipa de mais de mil cientistas debruçam-se sobre as “diferenças de comportamento entre matéria e antimatéria”, a partir da partícula chamada “beauty quark” ou “b quark”.

Eduardo Rodrigues, concretamente, assume o lugar de chefe de projeto de tratamento offline de dados e análise. A sua dedicação sobressaiu e foi recentemente distinguido com uma “scientific associateship” no CERN, uma espécie de bolsa-prémio com a duração de um ano. “Estamos em colaborações enormes, com mais de mil cientistas, e não é fácil sermos reconhecidos”, diz o cientista, considerando que esta distinção é “motivo de orgulho”.

Em paralelo, está ligado a outros projetos na área da computação e software de análise, como o High Energy Physics Software Foundation (HSF) e o Scikit-HEP, que visam aprofundar a discussão e melhorar a comunicação entre cientistas de todo o Mundo.

Eduardo Rodrigues tinha apenas 13 anos quando deixou a escola perto de Oeiras, Portugal, e seguiu para o Luxemburgo, onde a mãe encontrou emprego. Licenciou-se em Física na Bélgica e ainda regressou a Portugal para fazer um mestrado em Física Teórica, na Universidade de Coimbra. Mas depressa voltou a cruzar a fronteira e seguiu para um doutoramento em Física Experimental de Partículas no Reino Unido. Seguiram-se alguns pós-doutoramentos noutros países, nomeadamente nos Países Baixos e nos EUA. Há 22 anos assentou perto de Genebra, onde se localiza o CERN.

Quando “na juventude” decidiu seguir Física “gostava muito de astronomia”. Mas, conforme foi aprofundando o conhecimento, mudou o alvo. “Fiquei mais interessado não pelo infinitamente grande, mas pelo infinitamente pequeno.” Quando concluiu a licenciatura, decidiu, por isso, dedicar-se à Física de Partículas.

O seu futuro passará pelo CERN, acredita. Possivelmente noutras experiências, mas sempre ligado ao “infinitamente pequeno”.

Eduardo Rodrigues
Localização: Genebra
Profissão: cientista e investigador
Idade: 51 anos