Elisabete Lima da Cunha, a astrónoma fascinada com o começo do universo

Elisabete Lima da Cunha é astrónoma em Perth, na Austrália

Cresceu no Minho, mas emigrou para a Austrália, onde é investigadora.

Elisabete Lima da Cunha tem corrido a Terra para compreender melhor o céu. A adolescente que olhava fascinada para as estrelas a partir do Minho continua, quase 30 anos depois, intrigada com o começo das galáxias, mas agora no papel de astrónoma na Austrália. O seu trabalho já mereceu diversos reconhecimentos.

Elisabete lembra-se de, numa noite, aos 13 anos, olhar o céu depois de ler que as estrelas de cores diferentes têm temperaturas diferentes e do fascínio que sentiu. Apesar de muitos lhe dizerem que em Portugal não se fazia astronomia e que o curso não teria saída profissional, insistiu. E a jovem, que nasceu e viveu até aos sete anos em França e cresceu em Viana do Castelo, rumou ao Porto para se formar em Astronomia. Dali seguiu para um doutoramento em Paris e um pós-doutoramento na Grécia. Trabalhou na Alemanha e depois foi para a Austrália, onde passou por várias cidades até se fixar em Perth, com o companheiro, também astrónomo.

Atualmente, é professora associada no Centro Internacional para Investigação em Radio Astronomia na Universidade da Austrália Ocidental, onde se dedica a investigar “como é que as galáxias como a nossa evoluíram”. Para isso, recorre aos maiores telescópios que existem no Mundo, como o James Webb Space Telescope (lançado no espaço) e o Alma (no Chile). “Em astronomia, quanto mais longe vemos algo, mais antiga é a luz. Se olharmos para os confins mais remotos do universo, conseguimos ver galáxias quando o universo não tinha sequer 10% da idade que tem agora.”

Calcula-se que o universo tenha 13,8 milhares de milhões de anos e a terra 4,5 milhares de milhões de anos, mas, através destes telescópios, conseguem-se “ver galáxias quando o universo tinha uns ‘meros’ 500 milhões de anos, ou seja, quase no início, quase no Big Bang”, acrescenta Elisabete, revelando que está cada vez mais “deslumbrada” pelo céu. “Acho que, quando entendemos o que se está a passar quando olhamos para o céu, quando entendemos o que está por trás da cor das estrelas, o que é um eclipse, a banda difusa da Via Láctea no céu, o céu noturno tem ainda mais beleza”, completa.

Os planos de Elisabete – que em 2022 foi distinguida como cidadã portuguesa do ano na Austrália Ocidental, na categoria profissional, pelo Conselho das Comunidades, e no ano passado foi reconhecida como uma das investigadoras mais citadas do Mundo na área das ciências do espaço pela empresa Clarivate – passam por tentar “saber exatamente onde estão as primeiras galáxias e como se formaram”. E, assim, ajudar a dar uma resposta científica a perguntas antigas da humanidade. “Desde o início dos tempos olhamos para o céu e isso inspira-nos questões: de onde vimos, o que isto quer dizer e qual o nosso lugar.”

Elisabete Lima da Cunha
Localização:
Perth, Austrália
Profissão: astrónoma
Idade: 40 anos