Estudam o mar profundo para melhor o proteger da mineração

O projeto, financiado no âmbito do BiodivRestore ERA-NET Cofund, é composto por 15 parceiros de países europeus

Universidades do Algarve, Aveiro e Açores participam no projeto europeu DEEP REST, que analisa risco e capacidade de recuperação de ecossistemas devido à exploração de recursos.

Há três universidades portuguesas envolvidas no projeto europeu DEEP REST, que até 2025 vai estudar a conservação e restauro de ecossistemas do mar profundo no contexto da mineração. Investigadores do Algarve, Aveiro e Açores contribuem para melhor conhecer e proteger aqueles importantes ecossistemas, numa altura em que se avança para a exploração de recursos no mar profundo.

“A mineração no mar profundo irá destruir os habitats no local onde são removidos os minerais de interesse. Além deste efeito permanente, poderá ainda afetar as zonas adjacentes devido à produção de uma pluma de sedimentos”, que podem conter contaminantes potencialmente tóxicos, explica Nélia Mestre, investigadora da Universidade do Algarve (UAlg), sublinhando que o mar profundo “providencia serviços ecossistémicos importantíssimos”, que incluem a “reciclagem de nutrientes (fundamental para as microalgas à superfície produzirem oxigénio), providenciam alimento, novos produtos, regulam o clima, etc.”.

Por isso, numa altura em que vários países ponderam avançar para a mineração do mar profundo, é essencial conhecer melhor os ecossistemas, antecipar danos e capacidade de recuperação.

Através do DEEP REST, pretende-se desenvolver metodologias que melhorem a gestão de dois ecossistemas que podem estar em risco devido à mineração do mar profundo, assim como aprofundar o conhecimento sobre os mesmos e a sua capacidade de recuperação. Em estudo estão zonas de planícies abissais cobertas por nódulos polimetálicos no oceano Pacífico e zonas de fontes hidrotermais profundas do Atlântico e do Ártico.

O projeto, financiado no âmbito do BiodivRestore ERA-NET Cofund, é composto por 15 parceiros de países europeus. De Portugal participam a UAlg, que sob a liderança de Nélia Mestre se encontra a analisar a acumulação de metais e alterações a nível bioquímico em amostras de animais; a Universidade dos Açores, que através da equipa de Ana Colaço estuda os ecossistemas da dorsal média Atlântica do ponto de vista da conectividade larvar e trófica; e a Universidade de Aveiro, onde Ana Hilário lidera os investigadores que se debruçam sobre a biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas e sobre aspetos socioeconómicos da mineração dos fundos marinhos.