Luís Carrilho, o superpolícia que vai mandar na PSP

Luís Carrilho é diretor Nacional da PSP

Teve funções de liderança na ONU, organizou a segurança de Marcelo Rebelo de Sousa, calcorreou o Mundo em missões internacionais. Açoriano, foi chefe de redação da revista da PSP.

O currículo e postura de Luís Carrilho foram claramente sublinhados pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, no despacho em “Diário da República” que justificou a escolha do novo diretor Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP). “O recrutamento é feito, nomeadamente, por escolha, sendo especialmente relevantes, para esse efeito, a idoneidade e a experiência profissional do nomeado”, destacou a governante, que também lembrou a “idoneidade, experiência e competência profissionais, no plano nacional e internacional”, do novo responsável máximo da PSP.

A carreira policial veio-lhe do berço. Nasceu na ilha de Santa Maria, nos Açores, onde o pai estava colocado pela PSP, e rapidamente percebeu a itinerância de um profissional do setor. Durante a infância e a adolescência, acompanhou a família pelo país e até por África, onde viveu dois anos na então colónia de Cabo Verde. Acabou por se fixar em Lisboa, aí se licenciando pela Escola Superior de Polícia, agora Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna. Fez ainda uma pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. Completou a formação com o curso de segurança pessoal a Altas Entidades, o que o ajudou a que tivesse sido designado Ponto Nacional de Contacto para a proteção de figuras públicas na União Europeia.

O percurso na PSP começou nas esquadras de Torres Novas e Santarém, em 1991, com o salto para Lisboa a não demorar. Foi comandante da Esquadra de Santa Apolónia e da chamada Superesquadra dos Olivais. Atrás da secretária, liderou o gabinete do diretor do Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna. Também foi jornalista, tempo breve em que chegou a chefe de redação da revista da PSP, “Polícia Portuguesa”.

“É um dos profissionais mais competentes de sempre da história da PSP”, elogia um antigo companheiro de trabalho, que prefere não ser identificado. “Focado e responsável, nunca deixa cair um colega. Mas não admite faltas de empenho, com ele o foco tem que ser sempre total”, acrescenta.

Desde outubro de 2023 comandante da Unidade Especial da PSP, Luís Carrilho é superintendente-chefe desde 2017 e carrega consigo um passado profissional ao mais alto nível. Foi chefe do Serviço de Segurança da Presidência da República durante cerca de um ano, tendo tido função similar quando esteve à frente da Esquadra de Segurança à Residência Oficial do Primeiro-Ministro.

No plano internacional, o primeiro teste no estrangeiro ocorreu durante a guerra civil na Bósnia-Herzegovina, na década de 1990. Mais recentemente, trabalhou nas Nações Unidas como conselheiro da UNPOL, a divisão de polícia da ONU, e foi diretor de Operações de Paz da organização global liderada pelo português António Guterres.

Durante quatro anos coordenou as reuniões do UNCOPS, que reúne os chefes policiais da instituição, depois de ter comandado três operações de manutenção de paz em cenários delicados, na República Centro-Africana, no Haiti e em Timor-Leste. A experiência neste último país não foi nova para Luís Carrilho, que entre 2000 e 2001 integrou a missão da ONU durante o período de transição timorense para a independência e foi o primeiro diretor da Academia de Polícia Nacional da então nova nação.

Com duas comendas, a de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída em 2009 pelo então presidente da República, Cavaco Silva, e a de Grande Oficial da Ordem de Mérito, concedida por Marcelo Rebelo de Sousa no ano passado, foi também condecorado por diversos países: Áustria, Brasil, Espanha, França, Peru, Polónia e Timor-Leste, além de ter recebido a prestigiada distinção da ONU “Outstanding Role Model Award” (“Prémio Modelo de Papel de Destaque”).

Discreto, Luís Carrilho mantém conta ativa na rede social X (ex-Twitter), embora não a atualize há quase dois anos. “Não faz gala da sua vida pessoal e tem a atenção sempre direcionada nas suas responsabilidades profissionais”, aponta outra fonte da PSP. “As suas novas funções não surpreendem”, completa.

Cargo: diretor Nacional da PSP
Nascimento: 14/07/1966 (57 anos)
Nacionalidade: Portuguesa (Vila do Porto, Açores)