Novas soluções para camuflar soldados e veículos

Projeto ACROSS junta entidades de nove países europeus para desenvolver tecnologias e materiais que ajudem a proteger quem luta em conflitos.

Dezanove entidades de nove países europeus uniram-se para procurar soluções que ajudem a camuflar soldados e veículos. Recorrendo a tecnologias de base têxtil, eletrónica vestível e outras, é possível adicionar camadas de proteção que deixem aqueles que arriscam a vida em situações de conflito menos visíveis à vista desarmada, infravermelhos, radar e outras formas de deteção.

O projeto ACROSS – Adaptive Camouflage foR sOldierS and vehicleS, financiado ao abrigo do Fundo Europeu de Defesa com 14,5 milhões de euros, é liderado pelo CITEVE – Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário e engloba um total de 19 entidades, entre PME, grandes empresas, centros de I&D, universidades e entidades governamentais, de Portugal, Itália, Alemanha, Grécia, Suécia, Países Baixos, França, Espanha e Lituânia. Arrancou em dezembro, no seguimento do projeto ACAMS II e, até maio de 2027, vai procurar desenvolver tecnologias e soluções para camuflagem adaptativa, capazes de responder a diferentes condições ambientais e múltiplas gamas espectrais.

Em causa, especifica Gilda Santos, investigadora do CITEVE e gestora do ACROSS, estão “diferentes materiais e tecnologias, orientadas para diversas zonas do espectro, como o visível, UV, infravermelho, radar, etc. Para cada uma destas bandas podemos estudar tecnologias e materiais que podem ajudar a fazer a camuflagem do soldado e do veículo”.

Para isso, os investigadores vão estudar, entre outras, soluções de base têxtil e orientadas para a biomimética e para a eletrónica vestível, metamateriais (materiais artificiais modificados para adquirirem novas propriedades), materiais optoelectrónicos, termo e fotocrómicos, etc. As soluções, que poderão ser aplicadas em “diferentes camadas”, visam que o processo de adaptação a diferentes cenários, floresta ou deserto, seja “simples, rápido e prático”.

Esta espécie de “capa invisível” que se pretende criar através da tecnologia, quer que soldados e veículos possam estar mais seguros em situações de elevado risco, diz Gilda Santos, alertando que nos últimos anos têm surgido novos desafios. O “inimigo” já não tem de ser somente outra pessoa que esteja a poucos metros, é preciso considerar, também, por exemplo, “ameaças vindas do ar”, como drones equipados com vários sensores avançados.