O objeto escolhido pela atriz, apresentadora e cozinheira.
“Não sou pessoa de objetos. Por isso, passei bastante tempo a pensar sobre que objeto escolher que não fosse uma peça de roupa, um par de sapatos ou um acessório. Este é um de dois mostardeiros que comprei num antiquário em Baiona, aquando da digressão de ‘Pais e Filhos’, de Pedro Penim, ainda para o Teatro Praga. Namorei-o durante dias e pensei muitas vezes se o gasto seria sensato. ‘Que falta me faz?’ – a pergunta que traduz muito bem a minha relação com as coisas e nesse momento não foi exceção. Esse momento marca, no entanto, uma viragem na minha relação meramente utilitária com os objetos, e é simbólico a um nível pessoal por vários motivos. A estética associada ao cãozinho de loiça que pode levar sal ou mostarda à mesa permite-me justificar o gasto como despesas de representação ou coisa que o valha, uma vez que hoje em dia mais de metade da minha atividade profissional está ligada à gastronomia e à produção de conteúdos em fotografia ou vídeo, numa espécie de curadoria qualquer. É mais decorativo do que utilitário. É um acontecimento quando há convidados em casa e vai à mesa e logo se sucedem questões. Quando surge em vídeos online, chovem perguntas sobre ele nos comentários e em mensagens privadas. Agrada-me tudo isso e agrada-me ainda mais não haver igual. Pode já ter havido, mas agora não há. E, neste nosso tempo de massificação, isso reconforta-me.”
Atriz, apresentadora e cozinheira
38 anos
